terça-feira, 27 de outubro de 2009

Show no Encontro Intermunicipal de Capoeira

Com a participação de capoeiristas das cidades de Aratuba, Mulungu, Guaramiranga e Baturité, além de convidados de Fortaleza, a Fundação Arte Brasil Capoeira, tendo a frente o Contramestre Nir, que desenvolve um trabalho com Capoeira e Arte-Educação nas cidades de Aratuba, Mulungu e Guaramiranga, realizou nos dias 17 e 18 de outubro o Encontro Intermunicipal de Capoeira com Batizado e Troca de Cordas.

Aratuba viveu dois dias com Rodas de Capoeira, Oficinas e Apresentações Culturais. Suas ladeiras e ruas estreitas lembram um pouco as ladeiras do Pelourinho, daí todo o encanto e magia do evento.

Prestigiaram o evento Mestre Pedro, presidente e fundador da Fundação; Estagiários de Mestre Otávio e Luiz; Contramestres Macaco, Netão, Avião, Herbesty, Inácio; Professores Moleza, Roberta, Flavinho; Instrutores Geison, Loucão e Monitores: Pacato, Helton.

Na ocasião foram batizados alunos do Município de Guaramiranga que receberam sua primeira corda e, assim ingressaram no mundo da capoeira. Foram graduados também Ivan Valentim e Helton Oliveira como Monitores da Capoeira, por desenvolverem um importante trabalho nas escolas do município.

E não esqueçam, o próximo encontro, que será realizado em 2010, está marcado para Guaramiranga, Cidade das Flores, dos Festivais e também por que não dizer da Capoeira.

Axé a todos.

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

I Encontro Intermunicipal de Capoeira


A Fundação Arte Brasil Capoeira realizará dias 17 e 18 de outubro o I Encontro Intermunicipal de Capoeira, na cidade de Aratuba, Região Maciço de Baturité, Ceará.

O encontro terá uma programação variada, que agradará capoeiristas e visitantes.

Programação:

Dia 17 de outubro
18h - Recepção aos Capoeiristas
19h Roda Aberta
Local: Praça Central de Aratuba

Dia 18 de Outubro
9h - Roda Aberta
Local: Clube Municipal
10h - Batizado e Troca de Cordas
Local: Clube Municipal

Realização: Contramestre Nir
Supervisão: Mestre Pedro
Colaboração: Graduado Ivan

terça-feira, 23 de junho de 2009

Como morreu Besouro Mangangá?

Apesar de registrada nos anais da cidade baiana de Santo Amaro, as circunstâncias da morte de Manoel Henrique Pereira, o Besouro Mangangá, ocorrida no dia 8 de julho de 1924, ainda permanecem um mistério. As lendas e as músicas a seu respeito, falam de assassinato por faca de ticum, a única madeira que seria capaz de afetar homens de corpo fechado como Besouro. Na vida real, contudo, há muita controvérsia e pouca certeza a respeito do fim do grande herói dos capoeiristas da Bahia.

Que ele morreu de faca, é quase certo. Há até testemunhas, ainda vivas, que lembram de ver Besouro sendo levado ao hospital, ensanguentado. Uma delas, inclusive, é ninguém menos que a mãe de Caetano Veloso, Dona Canô, que aos 102 anos de idade vive até hoje em Santo Amaro.

Há quem diga que Besouro morreu em confronto com a polícia. Porém, a versão mais aceita é a de que ele foi morto numa emboscada armada contra ele, com todas as características de vingança, perpetrada por um fazendeiro rico da região, conhecido por Dr. Zeca.
Consta que o filho do fazendeiro, conhecido como Memeu, tomou uma surrra de Besouro. Dr. Zeca, então, armou a seguinte cilada: pediu que um testa-de-ferro seu “contratasse” Besouro para entregar um bilhete numa fazenda nas imediações de Santo Amaro, e voltar à fazenda no dia seguinte, para saber a resposta. Besouro não desconfiou que o destinatário do bilhete era o seu próprio assassino e, analfabeto que era, foi incapaz de identificar que o conteúdo da mensagem que ele mesmo entregava era sua sentença de morte: e uma ordem para que o portador do bilhete fosse assassinado.

Assim, no dia seguinte, quando foi receber a “resposta”, Besouro teria sido cercado por mais de 40 soldados. Então, um homem conhecido por Esébio de Quibaca - o destinatário do bilhete - o esfaqueou até a morte.

Teria morrido assim, então, o rapaz forte, impetuoso e tão ágil que ganhou o apelido de Besouro porque “voava”, “mangangá” porque era rápido e perigoso como o peixe venenoso que leva esse nome, e “cordão de ouro” porque era tão bom na capoeira que sua graduação, seu “cordão”, não tinha cor nenhuma, como ocorre com os demais capoeiristas: era, simplesmente, “de ouro”.
Os atores Ailton Carmos, o Besouro, e Anderson Grillo, o Quero-Quero, numa cena de luta.
FOTO DO FILME “BESOURO”, DE João Daniel Tikhomiroff

terça-feira, 26 de maio de 2009

DISTENSÕES MUSCULARES

Porque ocorre?

Ocorre por causa do alongamento exagerado das fibras que formam os músculos, acompanhado da ruptura de algumas delas. A distenção é mais comum nos músculos da perna - especialmente na parte interna da coxa e na panturrilha. O alongamento exagerado é causado quando o músculo é exigido e alongado além de sua capacidade, geralmente como conseqüência de movimentos bruscos.

Sintomas
Os sintomas costumam ser dor aguda no local, inchaço e formação de hematomas.
Providências
Quando acontece uma distensão, o repouso do músculo afetado deve ser o procedimento número um. Continuar a movimentá-lo pode agravar a lesão e aumentar a dor. "É preciso colocar gelo no local o mais rápido possível, para diminuir a dor, a inflamação e o sangramento interno", recomenda Itiro Susuki, médico do departamento de ortopedia do Hospital das Clínicas. O tratamento com gelo deve ser repetido durante os primeiros dias. A aplicação de compressas quentes só deve ser feita depois desse tempo, para complementar o tratamento. Mas nunca imediatamente após a lesão. "O calor aumenta o inchaço e o sangramento". Explica Susuki. Além do gelo, é necessário tomar analgésicos e antiflamatórios, mas sempre seguindo a orientação de um médico. Medicamentos como gel e pomadas para contusões não costumam ser eficazes nesses casos, uma vez que não conseguem penetrar até as fibras do músculo.
Prevenção
Para prevenir a distenção muscular e outros tipos de lesão, a principal recomendação é fazer um aquecimento e, principalmente, alongamento antes do início da atividade física. "O alongamento aumenta a capacidade de elasticidade dos músculos, o que melhora a resistência deles contra as lesões", afirma Susuki. O cansaço muscular, a falta de preparo e a má alimentação também contribuem para o enfraquecimento das fibras.
ALIMENTAÇÃO
Comer bem também serve para prevenir lesões musculares. Alimentos ricos em ferro (espinafre e feijão) e proteínas (leite e ovos) ajudam a aumentar a elasticidade e a capacidade muscular.
OVERTRAINING
O excesso de treinamento conhecido como overtraining, atinge o organismo por inteiro, com repercussões negativas em vários sistemas do corpo. A sobrecarga de exercícios físicos contribui para a perda da resistência dos músculos e facilita o aparecimento de lesões.
COLÁGENO
Além da falta de alongamento, a falta de colágeno - uma proteína que permite a elasticidade dos tecidos - também é responsável pelas distensões musculares. Com o envelhecimento, a substância é produzida em menor quantidade pelo organismo.
COMO CURAR UMA DISTENÇÃO MUSCULAR
O QUE FAZER?
* Parar o exercício imediatamente quando sentir a dor. Continuar o movimento pode agravar a lesão;
* Deixar o músculo lesado em repouso;
* Colocar gelo no local. O gelo, além de ajudar a diminuir a dor, pode impedir o aparecimento do edema (inchaço) e do hematoma (mancha roxa na pele). Nas primeiras horas, deve-se aplicar compressas de gelo durante cerca de 30 minutos, de duas em duas horas;
* Tomar analgésicos e antiflamatórios, sempre com a supervisão de um médico. Os remédios ajudam a diminuir a dor e aceleram o processo de recuperação do músculo;
* Fazer fisioterapia. A movimentação do músculo, sempre com a supervisão de um profissional, é importante na recuperação, que leva de três a quatro semanas.
O QUE NÃO FAZER?
* Não continue a exercitar o membro, nem tente fazer alongamento para diminuir a dor;
* Nunca aplique compressas quentes no local imediatamente após a lesão. O calor faz aumentar o sangramento interno do músculo e o aparecimento de edemas. O tratamento com calor pode ser feito após o período inicial de tratamento com gelo, para ajudar a diminuir a dor;
* Evite fazer massagens no local, isso pode ajudar a agravar a lesão;
* Não é necessário imobilizar o membro lesado;
* Gel e pomadas para contusões não têm grande efeito no tratamento de distensões musculares, pois não penetram até as fibras musculares lesadas.

terça-feira, 14 de abril de 2009

A dança da zebra

As semelhanças são impressionantes. Será que foi do ‘n'golo’, jogo de combate angolano, que nasceu a nossa capoeira?

A origem da capoeira sempre foi controvertida. Mestre Pastinha (1889-1981), um dos mais famosos capoeiristas da Bahia, durante muito tempo pensou que a ginga que aprendera desde criança provinha de uma mistura do batuque angolano e do candomblé dos jejes, africanos da Costa da Mina, com a dança dos caboclos da Bahia. Mas, por falta de mais conhecimentos, não podia ir muito além dessa afirmação.

Isso até a década de 1960. Foi quando uma revelação mudou completamente suas idéias sobre as origens da capoeira. À frente de sua academia, situada no Pelourinho, em Salvador, Pastinha recebeu a visita de um pintor vindo de Angola. Chamava-se Albano Neves e Sousa e afirmava que tinha visto na África uma dança semelhante ao tipo de capoeira que o mestre baiano ensinava. Só que lá chamava-se n’golo.

Até então, ninguém por aqui tinha ouvido falar de nada semelhante. A memória oral não registrava nenhuma prática ancestral específica. Muitos afirmavam, e continuam afirmando, que a capoeira teria sido inventada pelos escravos nas senzalas. Outros, que teria sido criada pelos quilombolas em sertões distantes. Estudiosos têm ressaltado o caráter urbano da capoeira, pois as fontes do século XIX só documentam sua prática por escravos africanos e crioulos (negros nascidos no Brasil) em cidades portuárias, como Rio de Janeiro e Salvador. Naquela época, era uma “brincadeira” proibida, e a grande maioria dos africanos presos por “jogar” capoeira no Rio de Janeiro era originária da África centro-ocidental, das “nações” Congo, Angola e Benguela. Em Salvador, a capoeira também era identificada como uma “brincadeira dos negros angola”. Por essa razão, faz realmente sentido buscar as raízes da capoeira na região dos atuais Congo e Angola.

O n’golo, explicou Neves e Sousa ao velho capoeirista, é dançado por rapazes nos territórios do sul de Angola, durante o ritual da puberdade das meninas. Chamado de mufico, efico ou efundula, esse ritual marca a passagem da moça para a condição de mulher, apta a namorar, casar e ter filhos. É uma grande festa em que se consome muito macau, bebida feita de um cereal chamado massambala. O objetivo do n’golo é vencer o adversário atingindo seu rosto com o pé. A dança é marcada pelas palmas, e, como na roda de capoeira, não se pode pisar fora de uma área demarcada. N’golo significa “zebra” e, de fato, alguns movimentos, em particular o golpe dado pelo pé, de costas e com as duas mãos no chão, parecem mesmo com o coice de uma zebra.

Os registros e a argumentação de Albano eram bastante convincentes. Se os africanos escravizados nas Américas lograram, apesar de condições terrivelmente adversas, adaptar suas religiões e seus rituais, assim como suas festas e danças de umbigadas, não seria lógico que também trouxessem para cá seus jogos de combate e suas artes marciais? Sabe-se que os exércitos congolês e angolano eram formados por guerreiros exímios na luta corporal. Vários cronistas destacaram a habilidade com que eles evitavam golpes, jogando o corpo para o lado de maneira imprevisível e confundindo o adversário.

Ainda que muitos dos africanos escravizados conhecessem as artes da guerra, a maioria se dedicava à agricultura ou à pecuária antes de ser aprisionada e embarcada à força para as Américas. Os povos pastores de Angola, em particular, por causa da necessidade de proteger o gado que tangiam contra eventuais gatunos, desenvolveram técnicas de combate individuais, sabendo manejar paus e outras armas contundentes contra os inimigos.

Os cronistas coloniais não forneceram descrições pormenorizadas das técnicas nem dos rituais desses antigos jogos de combate, o que torna impossível qualquer tentativa de aproximá-los da capoeira como hoje a conhecemos. Os significados culturais desses rituais também mudaram ao longo dos séculos, acompanhando a intensa transformação socioeconômica e cultural por que passou a África a partir do século XVII. Até as fronteiras étnicas foram redesenhadas antes que se chegasse à configuração atual. Assim, todas as manifestações que porventura existem hoje em Angola são expressões contemporâneas, e só têm relações tênues com os jogos de combate do tempo do tráfico negreiro.
Infelizmente, Mestre Pastinha, por ocasião da visita de Albano Neves e Sousa, já estava com a vista comprometida por uma catarata – aliás, nunca operada por falta de recursos. Isso limitava muito qualquer plano seu de divulgar a recente descoberta. Chegou a contar a história que ouviu para seus alunos mais próximos, mas não deixou nenhum registro escrito sobre o n’golo. Nem seu livro Capoeira Angola, publicado pela primeira vez em 1964, nem seus diversos manuscritos, por serem anteriores ao encontro com o pintor luso-angolano, mencionam a “dança da zebra”. Mas Albano Neves e Sousa conseguiu convencer outros brasileiros de sua teoria, entre eles o então presidente da Sociedade Brasileira de Folclore, Luís da Câmara Cascudo (1898-1986).
FONTE:
MATTHIAS RÖHRIG ASSUNÇÃO é professor de História na Universidade de Essex, Inglaterra, bolsista da CAPES em 2007 e autor de Capoeira. The history of an Afro-Brazilian martial art (Routledge, 2005).
COBRA MANSA (CINÉSIO FELICIANO PEÇANHA) é mestre de capoeira angola e criador da Fundação Internacional de Capoeira Angola (Fica).

sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

Capoeira, seus estilos e seus Grandes Mestres

Capoeira é talvez, a única luta que utiliza instrumentos musicais para animar os jogadores.

A origem do Berimbau é desconhecida, mas ele é o principal instrumento do Jogo da Capoeira . É formado por um arco de madeira específico, de mais ou menos 1 metro e 60 centímetros, ligado por um fio de aço ou cipo, tendo em uma das extremidades uma cabaça ou caixa de ressonância bem seca, com dois furos, por onde se passa um barbante que a prende no arame esticado e no arco.

Com uma vareta para percutir na corda, empurra-se com a outra mão uma moeda ou dobrão, também na corda, produzindo assim o som, leva-se ainda na mão da vareta um caxixi (cestinha) com sementes de milho, para marcar o ritmo.
O som do berimbau é tido como místico, sorumbático, intermitente e obsessivo, que não raro, leva seus praticantes a um estado total desprendimento e descontração muscular.

Possui outros nomes; como Urucungo, Gunga, Gabo, e em Cubáe chamado de Buru-Mbumba, ou seja "habla con los muertos". Tem o mesmo papel do KAMISSAMÁ do Judô, diante do qual os lutadores fazem uma reverência.

Os toques do Berimbau na Capoeira.

Existe vários toques tradicionais e aqueles que cada solista cria para si próprio. Ora são lentos, ora são rápidos, mas cada um tem uma finalidade:
São Bento Pequeno - Jogo amistoso.
São Bento Grande - Jogo mais veloz e mais "arrochado".
Angola - Jogo no chão e Mais Lento.
Iuna - toque fúnebre, para grande solenidade e tristeza.
Amazonas - hino da Capoeira.
Benguela - Jogo para facão e maculêlê.
Santa Maria - Jogo com navalha.
Idalina - Jogo com faca.
Apanha Laranja no Chão Tico-Tico - toque onomatopaico para o jogo em que se apanha dinheiro jogado no chão com a boca.
Cavalaria - imitação do trotar do cavalo, avisando que há nas proximidades a presença do senhor de engenho por perto.

As músicas são sempre improvisadas, e em geral, retratam a história do negro nas senzalas, do negro livre, da religião, da comunidade, seus hábitos, seus feitos. Algumas vezes são cantos de louvor, da tristeza, revolta, desafio. Faz parte da tradição o solista começar e dar o aviso "Olha a volta ao mundo!", para dar inicio ao Jogo da Capoeira.
O decreto 487 acabou temporariamente com a Capoeira, muitos de seus adeptos permaneceram exilados em São Paulo, no interior, participando de trabalhos forçados. Após um recesso, a Capoeira ressurge no ano de 1937, quando Manuel dos Reis Machado, o Mestre Bimba, realizou uma exibição para o então Presidente Getúlio Vargas. Encantado com o Jogo, o Dr. Getúlio Vargas liberou a Capoeira.

Mestre Bimba é o pai da Capoeira moderna, não só por ter atuado decisivamente na liberação, mas também por ter sido o primeiro a dar-lhe uma didática e ensinar em recinto fechado. Mestre Bimba criou o estilo Regional.
O estilo Angola teve em Vicente Ferreira, o Mestre Pastinha seu mais digno representante.
Angenor Sampaio, o Sinhozinho, criou o estilo Primitivo e sabe-se que viveu no Rio de Janeiro, apesar de ser baiano.

Hoje a Capoeira não é mais privilégio da Bahia, Rio de Janeiro ou São Paulo, tendo se espalhado por todo o Brasil com grande aceitação. Tornou-se um esporte competitivo, arte marcial genuinamente Brasileira, e até no exterior já chegou a arte da Capoeira, levada por Brasileiros que tem viajado pelo mundo para divulgar a Capoeira, o nosso esporte genuinamente Brasileiro.

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Capoeira - Patrimônio Cultural Brasileiro


Em um Palácio Rio Branco cercado por cerca de 20 grupos de capoeira da Bahia, do Rio e de Pernambuco, o Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) acolheu por unanimidade, dia 16 de julho de 2008, o pedido de registro da capoeira como patrimônio cultural brasileiro, feito pelo Ministério da Cultura.

É o ponto alto de uma história polêmica. "A prática foi, por muitos anos, considerada crime pelo Código Penal", lembra a historiadora e capoeirista Adriana Albert Dias. Os registros mais antigos vêm do século 18: era praticada por escravos, sobretudo os de Angola. O esporte/dança foi considerado crime até o fim da década de 1930. Só a partir de lá começou a alçar a fama - hoje, em 150 países.

A capoeira passa a ser um dos 14 patrimônios culturais do País, junto com o frevo, o samba carioca e o ofício das baianas de acarajé, entre outros. "Se hoje a manifestação é legitimada como um dos principais símbolos da cultura brasileira, foi por muito sacrifício, em especial dos mais antigos", conta o historiador Frede Abreu.
Na prática, a elevação da capoeira a patrimônio cultural prevê, além do reconhecimento como bem cultural, a criação de um plano de previdência especial para os "velhos mestres".


História da Fundação Arte Brasil

A Fundação Arte Brasil Capoeira, foi fundada dia 09 de março de 2007, na cidade de Fortaleza, tendo como fundador-presidente, Pedro Alves Vieira Filho (Mestre Pedro), oriundo do Grupo Berimbau de Prata de José Ivan de Araújo (Mestre Ivan).

Mestre Pedro iniciou-se na capoeira em fevereiro de 1979 no Bairro do Conjunto Ceara. Praticante de Kung-Fú e Boxe, logo adaptou-se os movimentos de ataque e defesa dessa arte e luta genuinamente brasileira. Sendo destaque do grupo, ainda como aluno graduado (corda verde), logo foi convidado a ensinar capoeira para crianças e adolescentes através de projetos da prefeitura municipal de Fortaleza.

Firmou contrato trabalhistico em 1983 na gestão da Prefeita Maria Luiza Fontinele. Posteriormente no ano de 1993, foi formado a Mestre (Corda Branca) pela ABPC (Associação Brasileira dos Professores de Capoeira).


Implantando e desenvolvendo uma metodologia e uma filosofia própria, voltada paras as raízes e fundamentos da capoeira, tendo introduzido essa modalidade de luta em clubes sociais, academias, centro social urbano, universidades, escola municipal e estadual, comunidades carentes e negras.


Já passaram pelas mãos do Mestre Pedro, mais de 10 mil capoeiristas, tendo formado entre monitores, instrutores, professores, contra-mestres e mestres 135 capoeiristas, grande parte atuante no cenário da capoeira.


A Fundação Arte Brasil Capoeira, se faz presente em alguns estados do norte e nordeste do país como Pará, Tocantins, Maranhão, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte e Paraíba. No estado do Ceará está ramificado em 55 cidades localizada nas regiões do Sertão Central, Vale Jaguaribe, Maciço de Baturité, Serra Grande e Cariri.


Buscando sempre os fundamentos, tradições e as raízes da capoeira através de muita pesquisa, tendo participado de encontro nacional, congresso, palestra, debate, seminário, fórum e campeonato de capoeira por todo país, participando também da gravação do filme SAND LAND RIAT (No Calor da Terra do Sol) gravado no Ceará-Brasil e Losangeles-Estados Unidos.


Desde 1983, onde começou a desenvolver trabalho, Mestre Pedro vem dedicando grande parte de sua vida a prática e ensino da capoeira, objetivando o resgate, preservação e moralização das tradições e fundamentos dessa arte-luta brasileira.

“EU PRATICO O MELHOR ESPORTE DO MUNDO”. O qual sou apaixonado e tenho aprendido muito a relacionar-me com pessoas de diversas classes sociais.
A capoeira é um instrumento de aproximação de raça, cor, credo sem distinção alguma.

Mestre Bimba

Em 23 de Novembro de 1900, início de um novo século, no Bairro de Engenho Velho, Freguesia de Brotas, em Salvador, Bahia, nascia Manoel dos Reis Machado, o MESTRE BIMBA. Seu apelido ele ganhou logo que nasceu, em virtude de uma aposta feita entre sua mãe e a parteira. Sua mãe, dona Maria Martinha do Bomfim, dizia que daria luz à uma menina. A parteira afirmava que seria homem. Apostaram: perdeu dona Maria e o filho, Manoel, que ganhou o apelido que lhe acompanharia pela vida inteira: Bimba, um nome popular do órgão sexual masculino.
Seu pai, velho Luís Cândido Machado, já era citado nas festas de largo como grande "Batuqueiro", como Campeão de "Batuque", "a luta braba, com quedas, com a qual o sujeito jogava o outro no chão".

De 1890 a 1937, a Capoeira foi crime previsto pelo Código Penal da República. Simples exercícios nas rua davam até seis meses de prisão. Aos 12 anos de idade, Bimba, o caçula de Dona Martinha, iniciou-se na Capoeira, na Estrada das Boiadas, hoje o grande bairro negro Liberdade. Seu mestre foi o africano Bentinho, Capitão da Companhia de Navegação Baiana. Nesse tempo a Capoeira ainda era bastante perseguida e Bimba contava:"Naquele tempo Capoeira era coisa para carroceiro, trapicheiro, estivador e malandros. Eu era estivador, mas eu fui um pouco de tudo. A Polícia perseguia um capoeirista como se persegue um cão danado. Imagine só que um dos castigos que davam a capoeiristas que fossem pegos brigando, era amarrar um punho num rabo de cavalo e o outro em cavalo paralelo, os dois cavalos eram soltos e postos a correr em disparada até o Quartel. Comentavam até, por brincadeira, que era melhor brigar perto do Quartel, pois houve muitos casos de morte. O indivíduo não agüentava ser arrastado em disparada pelo chão e morria antes de chegar ao seu destino: o Quartel de Polícia."

A essa altura, Bimba começou a sentir que a Capoeira que ele praticava e ensinou por bom tempo, tinha se folclorizado, assim como a Bahia, que degenerou-se e passou a servir de "prato do dia" para "pseudo-capoeiristas", que utilizavam a Capoeira unicamente para exibição em praças, e, por ter eliminado seus movimentos fortes, mortais, deixava muito a desejar em termos de luta. A "pantomima" se fazia altamente necessária a esse tipo de jogo para "inglês ver". O capoeirista se tornou um folclórico em demasia, sem a verdadeira malícia e eficiência técnica que uma luta como a Capoeira exigia. Foi para reverter esse quadro que Bimba criou a Capoeira Regional, aproveitando-se de golpes do "batuque", luta da qual seu pai foi campeão, do Jiu-jítsu e do Boxe, e criou um método de ensino. Para fugir de qualquer pista que lembrasse a origem marginalizada da Capoeira, mudou alguns movimentos, eliminou a malícia da postura do capoeirista, colocando-o em pé e criou um código de ética rígido que exigia até higiene, estabeleceu o uniforme branco e se meteu até na vida privada dos alunos.

Teve o cuidado de retirar a palavra "Capoeira" do nome da academia que fundou em 1932 em Salvador, o "Centro de Cultura Física e Luta Regional".

O resultado é que, a partir daí, a Capoeira começou a ganhar alunos da classe média branca e, também, a se dividir. Até hoje Angoleiros e Regionais criticam-se mutuamente, embora se respeitem. Os primeiros se consideram guardiões da tradição, enquanto os outros acham que a Capoeira "deve evoluir". Mas, com isso, Mestre Bimba deu ares atléticos ao jogo e atraiu as mulheres, até então excluídas das rodas.

Jogo de Capoeira Regional: o jogo que Mestre Bimba criou é um jogo mais rápido, em que os capoeiristas jogam de pé, não jogando tanto no chão quanto na Capoeira Angola Os golpes são mais rápidos e precisos.

Mestre Pastinha

Vicente Ferreira Pastinha nasceu em 1889, filho do espanhol José Señor Pastinha e de Dona Maria Eugênia Ferreira. Seu pai era um comerciante, dono de um pequeno armazém no centro histórico de Salvador e sua mãe, com a qual ele teve pouco contato, era uma negra natural de Santo Amaro da Purificação e que vivia de vender acarajé e de lavar roupa para famílias mais abastadas da capital baiana.Menino ainda, Mestre Pastinha conheceu a arte da capoeira com apenas 8 anos de idade, quando um africano que chamava carinhosamente de Tio Benedito, ao ver o menino pequeno e magrelo apanhar de um garoto mais velho, resolveu ensinar-lhe a arte da Capoeira.

Durante três anos, Pastinha passou tardes inteiras num velho sobrado da Rua do Tijolo, em Salvador, treinando golpes como meia-lua, rasteira, rabo-de-arraia e outros. Ali aprendeu a jogar com a vida e a ser um vencedor.Viveu uma infância feliz, porém modesta. Durante as manhãs freqüentava aulas no Liceu de Artes e Ofício, onde também aprendeu pintura. À tarde, empinava pipa e jogava Capoeira. Aos treze anos era o moleque mais respeitado e temido do bairro. Mais tarde, foi matriculado na Escola de Aprendizes Marinheiros por seu pai, que não concordava muito com a vadiagem do moleque.

Conheceu os segredos do mar e ensinou aos colegas as manhas da Capoeira. Aos 21 anos voltou para o centro histórico, deixando a Marinha para se dedicar à pintura e exercer o ofício de pintor profissional. Suas horas de folga eram dedicadas à prática da Capoeira, cujos treinos eram feitos às escondidas, pois no início do século esta luta era crime previsto no Código Penal da República.Em fevereiro de 1941, fundou o Centro Esportivo de Capoeira Angola, no casarão n.º 19 do Largo do Pelourinho. Esta foi sua primeira academia-escola de Capoeira. Disciplina e organização eram regras básicas na escola de Mestre Pastinha e seus alunos sempre usavam calças pretas e camisas amarelas, cores do Ypiranga Futebol Clube, time do coração de Mestre Pastinha.Mestre Pastinha viajou boa parte do mundo levando a Capoeira para representar o Brasil em vários festivais de arte negra. Ele usava todos os seus talentos para valorizar a arte da Capoeira. Fazia versos e chegou a escrever um livro, Capoeira Angola, publicado em 1964, pela Gráfica Loreto.

Mestre Pastinha trabalhou muito em prol da Capoeira, divulgou a arte o quanto lhe foi possível e foi reconhecido por muitos famosos que se maravilharam com suas exibições.Aos 84 anos e muito debilitado fisicamente, deixou a antiga sede da Academia para morar num quartinho velho do Pelourinho, com sua segunda esposa, Dona Maria Romélia e a única renda financeira que tinha era a das vendas dos acarajés que sua esposa vendia. No dia 12 de abril de 1981, Pastinha participou do último jogo de sua vida. Desta vez, com a própria morte. Ele, que tantas vezes jogou com a vida, acabou derrotado pela doença e pela miséria.

Morreu aos 92 anos, cego e paralítico, no abrigo D. Pedro II, em Salvador.Morreu Mestre Pastinha numa sexta-feira, 13 de Novembro de 1981, vítima de uma parada cardíaca que, no estado frágil em que se encontrava, foi fatal. Pequeno e notável em sua arte, Mestre Pastinha nos deixou seus ensinamentos de vida em muitas mensagens fortes e inesquecíveis como esta: "Ninguém pode mostrar tudo o que tem. As entregas e revelações tem que ser feitas aos poucos. Isso serve na Capoeira, na família e na vida.
Há momentos que não podem ser divididos com ninguém e nestes momentos existem segredos que não podem ser contados a todas as pessoas."Mestre Pastinha 10/10/1980Jogo de Capoeira Angola: Na Capoeira de Angola, vale mais a astúcia do que a força muscular. O método de Pastinha, ensinado regularmente desde 1910, consiste em golpes desferidos quase que em câmara lenta. O capoeirista fica a maior parte do tempo com o corpo arqueado e sua ginga é de braços soltos, relaxados, porque a tática era se fazer de fraco diante do oponente. Os golpes não tem pressa de chegar, mas quando chegam o fazem de forma harmoniosa. Muitas pessoas que conheceram a Capoeira Angola acham que ela é menos violenta, pois os golpes são desferidos em câmera lenta, mas às vezes chega a ser mais perigosa que a Capoeira Regional. Como Mestre Pastinha dizia: "Capoeira Angola é, antes de tudo, luta e luta violenta."

Proibição e a Liberação da Capoeira

Proclamada a República, inicia-se uma nova fase de perseguição á capoeira. O Decreto 487 do Código Penal Brasileiro, de 11 de outubro de 1890 estabelecia no capítulo XIII, que trata dos "Vadios e Capoeiras": Proibida a prática da capoeiragem sob penas de prisão. O início do século XX caracterizou-se como o recrudescimento da capoeiragem; os novos interesses políticos em jogo muito concorriam para que os principais capoeiras se tornassem cabos eleitorais, capangas ou secretários de grandes figurões.

Por volta de 1932, no Engenho Velho de brotas, um homem nascido em Salvador em 23/11/1900, e falecido em Goiânia em 05/02/74, foi o grande pioneiro da oficialização, pelo governo, da primeira academia de capoeira. Em 1935 a capoeira deixou de constar como arte proibida com a queda do Decreto de 11 de outubro de 1890.Posteriormente, em l937, a então Secretaria da Educação conseguia um registro oficial que qualificava seu curso de capoeira como Curso de Educação Física. Trata-se de Manoel dos Reis Machado, mais conhecido como Mestre Bimba. Em 26 de dezembro de 1972 a capoeira foi homologada pelo Ministério da Educação e Cultura como modalidade desportiva. (Mestre Suíno - Goiás - 1997).

O Termo Capoeira


O vocábulo capoeira foi registrado pela primeira vez em 1712 por Rafael Bluteau, seguido por Melo Moraes em 1813. Após isso entrou no terreno da polêmica e da investigação etimológica. A primeira proposição foi a de José de Alencar que propôs para o vocabulário "capoeira", o tupi "caa-apuam - era" traduzido por ilha de mato já cortado. Macedo Soares, opina que provém do Guarani ’’caa-puê-ra (mato miúdo, nascido em lugar onde existiu mata virgem).

Antenor Nascente, liga o jogo da capoeira a uma ave chamada capoeira (odontophorus capuera spix), os passos da luta da ave macho para defender seus domínios, foram comparados com os da capoeira. Brasil Gerson aventou que o nome vem dos cestos para guardar capões, chamados capoeira, o nome dos cestos passou para os escravos que os transportavam e folgavam-se jogando capoeira no mercado.

A maioria dos estudiosos da capoeira acredita que o vocábulo teria vindo mesmo do Guarani Caápuêra. J. Barbosa Rodrigues, no século passado, propôs em seu livro PARANDUBA AMAZONENSE, a forma Caappoêra, já para Visconde de Porto Seguro, o termo é Capôera. A evolução natural da palavra foi "Capoeira".

História da Capoeira

O Brasil a partir do século XVI foi palco de uma das maiores violências contra um povo. Mais de dois milhões de negros foram trazidos da África, pelos colonizadores portugueses, para se tornarem escravos nas lavouras da cana-de-açúcar. Tribos inteiras foram subjugadas e obrigadas a cruzar o oceano como animais em grandes galeotas chamadas de navios negreiros. Pernambuco, Bahia e Rio de Janeiro foram os portos finais da maior parte desse tráfico.

Ao contrário do que muitos pensam, os negros não aceitaram pacificamente o cativeiro; a história brasileira está cheia de episódios onde os escravos se rebelaram contra a humilhante situação em que se encontravam. Uma das formas dessa resistência foi o quilombo; comunidades organizadas pelos negros fugitivos, em locais de difícil acesso. Geralmente em pontos altos das matas. O maior desses quilombos estabeleceu-se em Pernambuco no século XVII, numa região conhecida como Palmares. Uma espécie de Estado africano foi formado.

Distribuído em pequenas povoações chamadas mocambos e com uma hierarquia onde no ápice encontrava-se o Rei Ganga-Zumbi, Palmares pode ter sido o berço das primeiras manifestações da Capoeira.Desenvolvida para ser uma defesa, a Capoeira foi sendo ensinada aos negros ainda cativos, por aqueles que eram capturados e voltavam aos engenhos. Para não levantar suspeitas, os movimentos da luta foram sendo adaptados às cantorias e músicas africanas para que parecessem uma dança.

Assim, como no Candomblé, cercada de segredos, a Capoeira pode se desenvolver como forma de resistência.Do campo para a cidade a Capoeira ganhou a malícia dos escravos de “ganho” e dos frequentadores da zona portuária.

Na cidade de Salvador, capoeiristas organizados em bandos provocavam arruaças nas festas populares e reforçavam o caráter marginal da luta. Durante décadas a Capoeira foi proibida no Brasil. A liberação da sua prática deu-se apenas na década de 30, quando uma variação da Capoeira (mais para o esporte do que manifestação cultural) foi apresentada ao então presidente, Getúlio Vargas. De lá para cá a Capoeira Angola aperfeiçoou-se na Bahia mantendo fidelidade às tradições, graças principalmente ao seu grande guru, Mestre Pastinha , que jogou Capoeira até os 79 anos, formando gerações de angoleiros