segunda-feira, 29 de junho de 2015

NADO SINCRONIZADO: DUETO BRASILEIRO MOSTRA SUA CAPOEIRA



Rio de Janeiro/RJ – Ginga, aús e pontapés. Os movimentos típicos de capoeira foram parar na água na rotina técnica que dueto brasileiro de nado sincronizado Luisa Borges e Maria Eduarda Micucci apresentou nesta sexta-feira, 10/04, no 4º Brasil Synchro Open.

Esta é uma das coreografias que estão sendo trabalhadas para os Jogos Olímpicos Rio 2016, que acontecerão no mesmo palco do Synchro Open: O Parque Aquático Maria Lenk. A competição conta com nove países além do Brasil e entre eles a Ucrânia trouxe uma novidade: o dueto misto de Oleksandra Sabada e Anton Timofeyev. Os dois voltam à piscina no domingo e já entraram para a história como a primeira dupla mista a se apresentar oficialmente no país. Nove países além do Brasil disputa o Synchro Open, que vai até domingo, 12/04 (ver programa no final).

A dupla espanhola de Paula Klamburg e Ona Carbonell venceu a prova de dueto técnico com uma instigante e criativa coreografia baseada em eletrônica. As medalhistas de prata dos Jogos Olímpicos de Londres 2012 somaram 88.489 pontos. Segundo Ona, esta é rotina que será apresentada no Mundial dos Esportes Aquáticos de Kazan. A Ucrânia da dupla Lolita Ananasova e Anna Voloshyna sempre na luta com o primeiro pelotão de potências do nado sincronizado ficou muito próxima, com 88.2350. As jovens chinesas gêmeas Qianyi e Liuyi Wang, em preparação para assumirem o posto de principal dueto do país, obtiveram 87.3220 e ficaram com o bronze. A dupla brasileira foi quarta colocada, com 81.0087.

A coreografia brasileira foi apresentada pela primeira vez nos campeonatos abertos da Alemanha e da França. Os testes valeram, pois a técnica canadense Julie Sauvé, baseada no que foi apresentado na Europa, já mudou radicalmente a rotina.
- Essa coreografia é o nosso rascunho. Até 2016 ainda vai mudar muita coisa e vai melhorar muito mais – disse Luisa.

As provas são divididas em rotina técnica e livre. A coreografia técnica do dueto já foi definida, apresentada e está sendo aperfeiçoada. No entanto, a rotina livre ainda é segredo para o público.
- Essa rotina técnica a gente colocou bem mais difícil, mais rápida. Vamos mudar com certeza muita coisa. A coreografia livre é surpresa. Só no Pan! – brincou Duda Micucci, confirmando que o tema livre de 2016 será mostrado nos Jogos Pan-Americanos de Toronto, em julho.

A manhã teve também a rotina livre combinada (Combo), prova em que na mesma coreografia acontecem momentos de solo, dueto e equipe. A Ucrânia (90.367), Brasil (84.9333) e seleção brasileira júnior (77.400) foram ouro, prata e bronze. A disputa contou também com os times do CIEL, da Parabíba (62.600) e da Universidade Técnica do Paraná (58.100). A equipe brasileira entrou com o tema “faroeste” e foi composta por Maria Bruno, Pamela Nogueira, Juliana Damico, Beatriz e Bianca Feres, Lara Teixeira, Sabrine Lowe, Maria Clara Coutinho, Priscila Japiassu, Giovana Stephan, Luisa Borges e Maria Eduarda Miccuci. A técnica Maura Xavier fez sua avaliação da estreia da competição.

- A nossa avaliação é boa! As meninas mostraram progresso e as notas aumentaram, tanto no dueto quanto no combo. Tivemos boas nadadas. O dueto alcançou as metas que delimitamos, mas nós queremos sempre mais. Já recebemos elogios das outras seleções e o reconhecimento de evolução também é muito importante. Apesar de não ser um dos nossos principais objetivos (por fazer parte do programa olímpico) o combo se apresentou muito bem, mesmo com a ausência de Lorena Molinos, por lesão, na última semana, as meninas se recuperaram a fizeram uma bela apresentação – Maura Xavier

quinta-feira, 11 de junho de 2015

Benefícios da Capoeira para as Crianças

A capoeira estimula a criança física e psicologicamente. Além do corpo, a Capoeira também ajuda as crianças a exercitarem a mente. Ao estimular a percepção da criança, trabalha suas habilidades e capacidades de interpretação e organização das informações, as quais são muito importante nessa fase em que a criança está em pleno processo de construção do conhecimento sobre si mesma e do mundo que a rodeia.


As crianças aprendem a Capoeira brincando, a melhor maneira de manter uma criança em movimento constante. Nas suas brincadeiras a criança mantém contato com pessoas e coisas, armazenam na sua memória, estuda causas e efeitos, resolve problemas, constrói um vocabulário útil, aprende a controlar suas reações emocionais centralizadas em si mesmas e adapta suas condutas aos hábitos culturais do seu grupo social. Brincar é, portanto, fundamental para um desenvolvimento pleno do ser humano.

Através dessas brincadeiras presentes no ensino da Capoeira para crianças, se favorece a coordenação motora, o campo visual, a criatividade, autoestima, automatização de movimentos e educa as crianças na administração do tempo e espaço dentro de um movimento. O resultado é uma criança mais desinibida e com mais segurança.

1 – No que se refere aos aspectos físicos, esse esporte oferece às crianças: 
- Resistência aeróbica e anaeróbica.
- Velocidade.
- Flexibilidade.
- Resistência muscular.
- Aumento de dos reflexos.
- Força e agilidade.
- Equilíbrio, coordenação e ritmo.
- Tempo de reação simples e complexo.
- Mais capacidade cardiorrespiratória.

2 – No que se refere aos aspectos psicológicos, a capoeira desperta e estimula algumas qualidades das crianças:
- A atenção e percepção.
- A criatividade.
- O autocontrole e astúcia.
- A cooperação e o sentido de sociedade.
- A disciplina e o respeito.
- Segurança em si mesma.

Outra vantagem da Capoeira para a criança é que não gera nenhuma frustração com relação à competição, pois o objetivo a ser alcançado é sempre o da autossuperação e não da superação sobre os demais companheiros.

terça-feira, 9 de junho de 2015

Comissão de Educação aprova projeto que permite o ensino de capoeira nas escolas

A Comissão de Educação, Cultura e Esporte (CE) aprovou nesta terça-feira (19) projeto de lei que reconhece o caráter educacional e formativo da capoeira e autoriza escolas públicas e privadas da educação básica a celebrarem parcerias com entidades que congreguem mestres e profissionais de capoeira para ensinar a seus alunos essa prática esportiva e cultural.
Ainda segundo o PLS 17/2014, de autoria do ex-senador Gim Argelo, que integrou a bancada do Distrito Federal na legislatura passada, o ensino de capoeira deve ser integrado à proposta pedagógica.
O projeto foi aprovado em decisão terminativa e agora seguirá para exame na Câmara dos Deputados. Porém, poderá ser examinado pelo Plenário do Senado, caso seja apresentado recurso com essa finalidade.

Modificações
O relator da proposta, senador Otto Alencar (PSD-BA), conseguiu apoio para introduzir duas alterações no texto, a primeira para a troca do termo “ensino fundamental e ensino médio” para “educação básica”, ampliando a possibilidade de oferta de aulas de capoeira inclusive para crianças do ensino infantil.
A outra modificação tirou a subordinação dos mestres e profissionais contratados para o ensino da capoeira ao professor de Educação Física. De acordo com Otto Alencar, a subordinação iria limitar as possibilidades de aproveitamento da cultura da capoeira no âmbito escolar. Lembrou que diversas escolas têm utilizado, por exemplo, os recursos didáticos fornecidos pela capoeira em atividades nas áreas de música, de artes cênicas e, até mesmo, na educação ambiental.
Assim, entende o senador, deve ficar a critério da escola, no contexto de seu plano pedagógico, definir como se dará a inserção do profissional de capoeira em sua programação didático-pedagógica.

Riqueza pedagógica
Otto Alencar lembrou que, desde a década de 1970, há iniciativas sistemáticas relacionadas ao emprego da capoeira como ferramenta pedagógica nos diversos níveis de ensino. Observou que a modalidade possui um potencial reconhecido, por conta de sua riqueza em termos de movimento corporal, musicalidade e socialização.
Entre os senadores que festejaram a aprovação do projeto, Lídice da Mata (PSB-BA) disse que o projeto reforça a importância de manifestação que valoriza a herança cultural afrobrasileira, apoiada na transmissão ancestral de práticas, a partir dos mestres aos aprendizes.

Celebração
A aprovação da matéria acabou se transformando numa celebração à força da manifestação cultural da capoeira, desenvolvida por escravos africanos que viviam na Bahia e hoje praticada em todos os estados do país e em muitos países. Otto Alencar, que praticou capoeira na juventude, tendo sido aluno do célebre Mestre Bimba, ofereceu um berimbau ao presidente da CE, senado Romário (PSB-RJ). Antes da entrega, executou alguns toques no instrumento musical, um dos que servem para marcar as evoluções da capoeira. Os colegas aplaudiram.
Otto Alencar também contou que o Mestre Bimba, já idoso, dizia que a pior escravidão enfrentada pelo negro era a falta de acesso à educação, pois assim não conseguia de fato se igualar aos brancos. Também relatou curiosidades sobre a capoeira, inclusive sobre a origem do nome. Segundo ele, muitas vezes negros submetidos a maus tratos aplicavam golpes de rasteira nos feitores e depois fugiam para áreas de um tipo de mato baixo comum no Recôncavo Baiano.
— Dizia-se que esse negro era um ‘capoeira’, em razão da fuga para o matagal — explicou.

Disfarce
A filósofa e educadora Heidi Strecker lembrou que a capoeira chegou ao Brasil junto com os escravos africanos e em terras brasileiras foi adaptada para o que é hoje. Tratava-se de uma maneira de os negros mostrarem resistência, mas, para não levantar suspeitas, cantos e movimentos foram incorporados. Assim, ficou mais parecida com uma dança.
A capoeira foi proibida pelo Código Penal de 1890 e os praticantes foram perseguidos pela polícia, o que perdurou até 1937. Depois, a prática passou a ser estruturada em duas escolas: a Capoeira Angola e a Capoeira Regional.
“Nós, brasileiros, orgulhamo-nos de ser o povo criador da capoeira, arte hoje presente em praticamente todos os países do mundo. Entretanto, há muito a fazer para difundi-la, com qualidade e orientação pedagógica, em nosso próprio país”, argumenta o ex-senador Gim na justificativa do projeto.


Nos últimos anos a capoeira recebeu duas importantes distinções como manifestação cultural: o registro como Patrimônio Cultural Imaterial do Brasil, por iniciativa do Instituto do Patrimônio Histórico e Cultural (Iphan), em 2008, e o reconhecimento da roda de capoeira como Patrimônio Cultural da Humanidade pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), em 2014.

Origem do Apelido na Capoeira

Tradicionalmente o batizado seria o momento em que o capoeirista recebe ou oficializa seu apelido, ou nome de capoeira. A maioria dos capoeiristas passa a ser conhecida na comunidade mais pelos seus respectivos apelidos do que por seus próprios nomes.


Apelidos podem surgir de inúmeros motivos, como uma característica física, uma particular habilidade ou dificuldade, uma ironia, a cidade de origem, etc.

O costume do apelido surgiu na época em que a capoeira era ilegal. Capoeiristas evitavam dizer seus nomes para evitar problemas com a polícia e se apresentavam a outros capoeiristas ou nas rodas pelos seus apelidos. Dessa forma um capoeirista não poderia revelar os nomes dos seus companheiros à polícia, mesmo que fosse preso e torturado.


Hoje em dia o apelido continua uma forte tradição na capoeira, apesar de não ser mais necessário.

terça-feira, 5 de agosto de 2014

O Doutor da Capoeira

Um dos grandes nomes da capoeira, que ficará eternamente registrado na história dessa arte-luta brasileira, sem dúvida nenhuma, é Ângelo Augusto Decânio Filho, ou “Doutor Decânio” como ficou conhecido no meio da capoeiragem.

Um dos principais e mais antigos discípulos do mestre Bimba, Decânio teve papel importante na constituição da capoeira Regional, sendo um dos pilares juntamente com Sisnando – outro importante discípulo, nos quais Bimba se apoiou para a criação desse estilo de capoeira, bem como na definição das estratégias de obtenção de reconhecimento da capoeira junto à sociedade baiana, num período em que essa manifestação ainda era muito discriminada e vítima de preconceitos e ações violentas por parte do poder vigente.

Formado em medicina, foi ainda nos tempos de faculdade, em 1938, que Decânio conheceu Mestre Bimba e logo se juntou a ele, exercendo papel fundamental na organização de sua academia, sendo responsável – ao lado de outros acadêmicos que também participaram dessa fase inicial de criação da capoeira Regional – por ajudar Bimba a dar uma nova roupagem à capoeira que até então era praticada somente nas ruas, a partir da criação de um método de ensino baseado em sequências de golpes de ataque e defesa, bem como a estruturação do funcionamento da academia, que passava pela utilização de fardamentos, horário de treinos, organização de eventos, batizados, rodas de exibição, cursos de especialização entre outras atividades.

Decânio acompanhou Bimba durante muitos anos, mas sempre exercendo paralelamente as atividades como médico, o que muitas vezes não era tarefa fácil, mas ambas sempre exercidas com muito amor e dedicação. Mestre Decânio foi responsável por publicações importantes como os manuscritos do Mestre Pastinha entre outras obras de sua autoria, editadas pela Coleção São Salomão, por ele próprio criada.

Mestre Decânio formulou ainda uma teoria que é muito citada em trabalhos acadêmicos sobre capoeira – a teoria do “Transe Capoeirano” que segundo ele, trata-se de um estado físico-psíquico que o capoeirista atinge durante o jogo, em virtude de estímulos que vêm da musicalidade, do ritmo dos atabaques e agogôs, e da atmosfera propiciada pelo ritual da roda de capoeira, tudo isso explicado a partir de princípios científicos.

Era o mais antigo discípulo vivo de Bimba e, durante muitos anos, a maior referência da Capoeira Regional. Sujeito amável a sempre disponível, seja para uma conversa despretensiosa na varanda de sua casa de frente para o mar de Paripe, seja para colaborar com algum estudo ou pesquisa sobre capoeira, através de seus ricos depoimentos ou do vasto material de arquivo que o mestre foi juntando ao longo de tantos anos de vivência nesse universo.

O mestre Decânio nos deixou no último dia 01 de fevereiro de 2012, véspera da Festa de Iemanjá, prestes a completar 89 anos de idade. Deve estar agora ao lado de João Pequeno, seu vizinho e amigo inseparável, assim como de seu companheiro Sisnando, e finalmente reencontrando seu mestre Bimba, com quem deve estar agora proseando... e olhando por todos nós aqui na terra!


quarta-feira, 23 de abril de 2014

Fred Abreu: O Grande pesquisador da Capoeira

Todos aqueles que amam a capoeira e se interessam em conhecê-la mais a fundo, suas histórias, seus personagens, os fatos importantes, enfim, todos aqueles que buscam compreender melhor essa rica manifestação da cultura afro-brasileira, devem muito àquele que foi um dos maiores, senão o maior pesquisador da capoeira de todos os tempos: Frederico José de Abreu, ou simplesmente Frede Abreu, como era conhecido no meio.

Frede Abreu não está mais entre nós, partiu para as “terras de Aruanda” em julho de 2013, mas deixou como legado uma obra importantíssima, através dos muitos livros, artigos, crônicas e textos que escreveu, além de um enorme e rico acervo organizado por ele composto de documentos, livros, fotografias, filmes, revistas, jornais, etc., que pode ser considerado o maior acervo sobre capoeira existente.

Mas o mais importante, é que Frede sempre foi um sujeito muito generoso. Ele sempre abriu as portas de sua casa - onde todo esse acervo era guardado - pra qualquer um que desejasse pesquisar e se aprofundar no conhecimento sobre a capoeira. Ele sempre acolheu de forma muito amável todos que o procuravam: pesquisadores, estudantes, capoeiristas, historiadores, e contribuiu de forma efetiva para a maior parte de toda a pesquisa produzida sobre capoeira no Brasil e também no exterior. É muito difícil encontrar algum livro, artigo, documentário, tese de mestrado ou doutorado sobre capoeira no qual ele não seja citado ou não tenha colaborado de alguma forma.

Frede viajou por todo o Brasil e também para o exterior, onde sempre era convidado a participar de eventos, conferências, seminários, palestras ou simples “bate-papos” sobre capoeira. E fazia isso sempre com muita boa vontade, prazer, simpatia e bom humor que caracterizavam esse baiano que nunca se recusou a dividir o seu amplo conhecimento sobre a nobre arte da capoeiragem, quando era requisitado, por quem quer que fosse.

Mas a contribuição de Frede Abreu para a capoeira vai ainda mais além: ele foi um dos responsáveis pelo retorno do mestre João Pequeno à capoeira. João tinha se afastado  da capoeira no início da década de 1980, depois da morte de Pastinha, e se dedicava a vender legumes e verduras numa barraca na Feira de São Joaquim, junto com sua esposa, a querida “Mãezinha” como é conhecida por todos. Frede então articulou a volta de João, e foi o responsável pela organização da sua academia, que foi instalada no Forte Santo Antônio além Carmo, e se constituiu como o centro de todo o movimento de recuperação da capoeira angola, que nessa época passava por um momento difícil, num processo de franca decadência.

Pela academia e sob a liderança de João Pequeno, passaram todos os mestres que foram importantes para o movimento de renovação e revigoramento da capoeira angola, desse período histórico em diante.

Há alguns anos, Frede conseguiu apoio do governo federal para enfim organizar o seu vasto acervo, criando o Instituto Jair Moura que durante algum tempo funcionou no bairro do Garcia em Salvador. Mas esse apoio não teve continuidade e todo o acervo voltou para a sua casa, num quarto onde tudo continua a ser guardado com muito zelo pela sua família.

Esperamos que as autoridades se sensibilizem com a importância da preservação e organização desse verdadeiro tesouro sobre a memória da capoeira que Frede reuniu com  tanto carinho e dedicação, durante tantos anos, e está ameaçado de se degradar pela falta de um local adequado sob a orientação de profissionais especializados.

Frede se foi, mas seu sorriso franco, seu fino senso de humor, sua disponibilidade e generosidade, seu carisma como ser humano e seus inestimáveis serviços prestados à capoeira ficarão eternizados entre todos aqueles que valorizam a memória social de um país que sofre de “esquecimento crônico”, como é o caso do Brasil.

Um axé meu amigo, onde quer que você esteja!



Fonte: Portal Capoeira

quarta-feira, 9 de abril de 2014

Musicalidade na Capoeira



A música é um componente fundamental da capoeira. Foi introduzida como forma de ludibriar os escravizadores, fazendo-os acreditar que os escravos estavam dançando e cantando, quando na verdade também estavam treinando golpes para se defenderem. Ela determina o ritmo e o estilo do jogo que é jogado durante a roda de capoeira. A música é composta de instrumentos e de canções, podendo o ritmo variar de acordo com o Toque de Capoeira de bem lento (Angola) a bastante acelerado (São Bento Grande).


Muitas canções são na forma de pequenas estrofes intercaladas por um refrão, enquanto outras vêm na forma de longas narrativas (ladainhas). As canções de capoeira têm assuntos dos mais variados. Algumas canções são sobre histórias de capoeiristas famosos, outras podem falar do cotidiano de uma lavadeira. Algumas canções são sobre o que está acontecendo na roda de capoeira, outras sobre a vida ou um amor perdido, e outras ainda são alegres e falam de coisas tolas, cantadas apenas para se divertir.



Os capoeiristas mudam o estilo das canções frequentemente de acordo com o ritmo do berimbau. Desta maneira, é na verdade a música que comanda a capoeira, e não só no ritmo mas também no conteúdo. O toque Cavalaria era usado para avisar os integrantes da roda que a polícia estava chegando; por sua vez, a letra é constantemente usada para passar mensagens para um dos capoeiristas, na maioria das vezes de maneira velada e sutil.


Os instrumentos são tocados numa linha chamada bateria. O principal instrumento é o berimbau, que é feito de um bastão de madeira envergado por um cabo de aço em forma de arco e uma cabaça usada como caixa de reverberação. O berimbau varia de afinação, podendo ser o Berimbau Gunga (mais grave), Médio (médio) e viola (mais agudo). Os outros instrumentos são: pandeiro, atabaque, caxixi e com menos frequência o ganzá e o agogô.

quarta-feira, 2 de abril de 2014

Capoeira nas Escolas



A ca­po­eira é uma das ex­pres­sões mais sig­ni­fi­ca­tivas da cul­tura afro-bra­si­leira. Re­cebeu re­cen­te­mente do Iphan o tí­tulo de “Pa­trimônio Cul­tural do Brasil”, por seu valor enquanto sím­bolo de re­sis­tência de uma cul­tura ne­gada du­rante sé­culos em nosso país. A ca­po­eira tem uma li­gação muito ín­tima com todo o pro­cesso ci­vi­li­za­tório bra­si­leiro, so­bre­tudo no que diz res­peito à cons­trução de nossa iden­ti­dade cul­tural. A in­clusão da ca­po­eira como prá­tica edu­ca­tiva na rede pú­blica de en­sino é fruto do pro­cesso de escola­ri­zação da mesma, cujo con­texto his­tó­rico se per­cebe desde o final da dé­cada de se­tenta.



A capoeira vem sendo trabalhada na escola com diferentes enfoques e variadas formas de inserção e atores. A depender do trabalho realizado, possui um enorme potencial educativo relacionado não somente ao seu contexto sociocultural originário ou à diversidade de experiências de movimento, ritmo, socialização, contexto histórico (dentre outros) que proporciona, mas também pela intensidade existencial experimentada por alguns sujeitos que a praticam, dentro e fora da escola.

A Fundação Arte Brasil Capoeira está há 10 anos trabalhando em parceria com escolas e prefeituras do Maciço de Baturité. Municípios como Aratuba, Aracoiaba, Mulungu, Guaramiranga, estão com trabalhos sólidos e parcerias compromissadas.