segunda-feira, 27 de maio de 2013

A Capoeira Angola

Capoeira de Angola ou somente Angola é o estilo de capoeira mais próximo de como os negros escravos jogavam a capoeira. Caracterizada por ser mais lenta, porém rápida, movimentos furtivos executados perto do solo, como em cima, ela enfatiza as tradições da capoeira, que em sua raiz está ligada aos rituais afro-brasileiros, caracterizados pelo candomblé. Sua música é cadenciada, orgânica e ritualizada e o correto é estar sempre acompanhada por uma bateria completa de oito instrumentos, chamada de bateria de Angola.

É uma manifestação da cultura popular brasileira onde coexistem aspectos normalmente compreendidos de forma segmentada pela cultura que se fez oficial, como o jogo, a dança, a mímica, a luta e a ancestralidade, unidos de forma coesa, simples e sintética. Possui suas origens em elementos da cultura de várias matizes de povos africanos que foram escravizados e mantidos em cativeiro no Brasil no século XIX, sincretizados com elementos de culturas nativas (povos indígenas) e de origem europeia.

Desde um início de sua formação até os dias de hoje, a capoeira diferenciou-se em diferentes "estilos", cada um marcado por suas visões próprias, hábitos específicos e interações com a cultura local de cada região. Atualmente, essas diferentes leituras acerca da capoeira estão manifestas através da prática dos diferentes grupos e declaradas em duas principais vertentes: a Capoeira de Angola, que possui como referência Mestre Pastinha, e a Capoeira Regional, que tem como seu principal personagem Mestre Bimba.



A capoeira Angola, diferencia-se da luta regional baiana de Mestre Bimba por possuir maior ênfase em características como o jogo, a brincadeira e a busca pela ancestralidade, possuindo em regra movimentos mais lentos, rasteiros e lúdicos. Na "roda de Angola" coexistem diferentes estéticas relativas aos seus diversos grupos e a individualidade de cada "angoleiro", onde o objetivo é a busca intensiva e recíproca pelo "a", dentro dos fundamentos da arte.

A capoeira Angola não tem uma data definida em que teria sido criada, nem uma pessoa a quem possamos atribuir com certeza a sua criação. Apesar disto, sempre que falamos de capoeira Angola temos o nome de Mestre Pastinha (Vicente Ferreira Pastinha, 1889 - 1981) associado a ela. Pastinha foi um grande defensor da capoeira Angola, divulgando-a e introduzindo-a na sociedade de um modo geral, fazendo, assim, com que a capoeira deixasse de ser vista tão somente como uma luta marginalizada praticada por vândalos e arruaceiros, ao mesmo tempo em que criava a primeira escola de capoeira angola criada no Brasil.

Pastinha defendia arduamente a capoeira Angola, e pretendia, assim, fazer com que esta mantivesse sua força, não perdendo suas principais características. Para isto, divulgou a capoeira até onde pôde e como pode: fez muitas viagens ao exterior, inclusive para África, como principal representante da capoeira. Pastinha também formou muitos alunos, garantindo, assim, o futuro da capoeira angola.

Atualmente, existem algumas associações que representam exclusivamente a capoeira Angola e buscam, principalmente, resgatar as antigas tradições da Angola, já que não só ela, mas a capoeira no geral evoluiu e hoje em dia apresenta diferenças próprias da renovação das tradições. Graças ao esforço de muitos Mestres e pessoas envolvidas com a capoeira.


A capoeira angola também tem orquestra, sendo formada sempre por oito instrumentos posicionados normalmente no seguinte arranjo da esquerda para direita: Atabaque, Pandeiro, Berimbau viola, Berimbau médio, Berimbau gunga ou berra-boi, Pandeiro, Reco-reco e Agogô.

segunda-feira, 13 de maio de 2013

125 Anos da Abolição da Escravatura


Há exatos 125 anos, nesse mesmo 13 de maio, a princesa Isabel assinou a Lei Áurea, extinguindo a escravidão no Brasil.

O Brasil Império, sob o comando de uma princesa interina, passava por uma ebulição social nunca vista nos mais de três séculos de história documentada desde o descobrimento, em 1500. No início de 1888, começavam a se desenhar os acontecimentos que culminariam em um dos mais importantes marcos legais do país: a Lei Áurea. Para recontar esse momento emblemático, o Estado de Minas convida você, caro leitor, a uma viagem no tempo. Até terça-feira, a série de reportagens Abolição, 125 anos volta ao Rio de Janeiro da segunda metade do século 19, província que abrigava o poder político da época, para contar como se deu a extinção da escravidão no Brasil em seus quatro dias decisivos.

Num domingo, a 13 de maio de 1888, dia comemorativo do nascimento de D. João VI, foi assinada por sua bisneta a Dona Isabel,princesa imperial do Brasil, e pelo ministro da Agricultura da época, conselheiro Rodrigo Augusto da Silva a lei que aboliu a escravatura no Brasil. O Conselheiro Rodrigo Silva fazia parte do Gabinete de Ministros presidido por João Alfredo Correia de Oliveira, do Partido Conservador e chamado de "Gabinete de 10 de março". Dona Isabel sancionou a Lei Áurea, na sua terceira e última regência, estando o Imperador D. Pedro II do Brasil em viagem ao exterior.

O projeto de lei que extinguia a escravidão no Brasil foi apresentado à Câmara Geral, atual Câmara do Deputados, pelo ministro Rodrigo Augusto da Silva, no dia 8 de Maio de 1888. Foi votado e aprovado nos dias 9 e 10 de maio de 1888, na Câmara Geral.

A Lei Áurea foi apresentada formalmente ao Senado Imperial pelo ministro Rodrigo A. da Silva no dia 11 de Maio. Foi debatida nas sessões dos dias 11, 12 e 13 de maio. Foi votada e aprovada, em primeira votação no dia 12 de maio. Foi votada e aprovada em definitivo, um pouco antes das treze horas, no dia 13 de maio de 1888, e, no mesmo dia, levado à sanção da Princesa Regente.

Foi assinada no Paço Imperial por Dona Isabel e pelo ministro Rodrigo Augusto da Silva às três horas da tarde do dia 13 de maio de 1888.


TEXTO DA LEI:
A lei n.º 3.353, (cujo projeto de lei foi apresentado à Câmara dos Deputados por Rodrigo Augusto da Silva, ministro dos Negócios da Agricultura, Comércio e Obras Públicas e interino dos Negócios Estrangeiros, deputado e depois senador 50 ) de 13 de maio de 1888, que não previa nenhuma forma de indenização aos fazendeiros, dizia, na ortografia atual: "Declara extinta a escravidão no Brasil: A Princesa Imperial Regente, em nome de Sua Majestade o Imperador, o Senhor D. Pedro II, faz saber a todos os súditos do Império que a Assembleia Geral decretou e ela sancionou a lei seguinte: Art. 1.º: É declarada extinta desde a data desta lei a escravidão no Brasil. Art. 2.º: Revogam-se as disposições em contrário.
Manda, portanto, a todas as autoridades, a quem o conhecimento e execução da referida Lei pertencer, que a cumpram, e façam cumprir e guardar tão inteiramente como nela se contém.
 O secretário de Estado dos Negócios da Agricultura, Comércio e Obras Públicas e interino dos Negócios Estrangeiros, Bacharel Rodrigo Augusto da Silva, do Conselho de Sua Majestade o Imperador, o faça imprimir, publicar e correr.
Dada no Palácio do Rio de Janeiro, em 13 de maio de 1888, 67.º da Independência e do Império.
Princesa Imperial Regente.
Rodrigo Augusto da Silva
Carta de lei, pela qual Vossa Alteza Imperial manda executar o Decreto da Assembleia Geral, que houve por bem sancionar, declarando extinta a escravidão no Brasil, como nela se declara. Para Vossa Alteza Imperial ver. Chancelaria-mor do Império - Antônio Ferreira Viana.
Transitou em 13 de maio de 1888.- José Júlio de Albuquerque."

quinta-feira, 9 de maio de 2013

A Mulher na Capoeira

Hoje em dia, é quase impossível assistir a uma roda de capoeira, em qualquer canto do mundo, onde não haja a presença feminina. As mulheres, com todo o direito, estão conquistando a cada dia, mais e mais espaço nesse universo que durante muito tempo foi predominantemente um espaço masculino.



A importância da mulher na capoeira vai muito além da graça e beleza que elas proporcionam a essa manifestação. A mulher sendo respeitada e valorizada numa roda de capoeira, garante que esse espaço seja cada vez mais um espaço democrático, onde a diversidade e a convivência harmoniosa entre os diferentes, significam um exemplo de tolerância e convívio social nesse mundo tão cheio de preconceitos e discriminações. Este exemplo é um dos ensinamentos mais importantes que a capoeira oferece às sociedades contemporâneas.

Além disso, a mulher é fundamental no trabalho de organização da capoeira. Não podemos pensar numa academia ou num grupo de capoeira, em que as mulheres não ocupem um papel estratégico nessa função. Talvez isso se dê pelo fato da mulher possuir essa capacidade de organização num grau mais desenvolvido que os homens, não sei. Só sei que sem as mulheres nessa função, a maior parte dos grupos de capoeira de hoje em dia não sobreviveriam por muito tempo.

Já temos também muitas mulheres com o título de “mestre” ou “mestra” de capoeira, como queiram. E são mulheres muito respeitadas no meio, que realizam trabalhos importantes e reconhecidos, apesar de ainda haver resistências por parte de alguns setores mais conservadores da capoeira. Mas é uma questão de tempo para que esse tipo de preconceito seja também superado.

Mas é bom lembrar que apesar do universo da capoeira ter sido predominantemente masculino, existiram muitas mulheres que deixaram seus nomes gravados na história da capoeiragem. Só para citar alguns nomes, a capoeira de outrora traz histórias impressionantes de valentia e destreza de algumas mulheres como: Maria Doze Homens, Salomé, Catu, Chicão, Angélica Endiabrada, Almerinda, Menininha, Rosa Palmeirão, Massú, entre muitas outras mulheres. Histórias que envolviam enfrentamentos com a polícia, brigas com navalha, e até mortes de valentões famosos como Pedro Porreta, que segundo algumas pesquisas indicam, foi de autoria da temida “Chicão”, conforme relatam jornais da época.

Fonte: Portal Capoeira