Capoeira de Angola ou somente Angola é o estilo de capoeira mais
próximo de como os negros escravos jogavam a capoeira. Caracterizada por
ser mais lenta, porém rápida, movimentos furtivos executados perto do solo,
como em cima, ela enfatiza as tradições da capoeira, que em sua raiz está
ligada aos rituais afro-brasileiros,
caracterizados pelo candomblé.
Sua música é cadenciada, orgânica e ritualizada e o correto é estar sempre
acompanhada por uma bateria completa de oito instrumentos, chamada de bateria de
Angola.
É uma manifestação da cultura
popular brasileira onde coexistem aspectos normalmente compreendidos de forma
segmentada pela cultura que se fez oficial, como o jogo, a dança, a mímica, a
luta e a ancestralidade, unidos de forma coesa, simples e sintética. Possui
suas origens em elementos da cultura de várias matizes de povos africanos que
foram escravizados e mantidos em cativeiro no Brasil no século XIX,
sincretizados com elementos de culturas nativas (povos indígenas) e de origem europeia.
Desde
um início de sua formação até os dias de hoje, a capoeira diferenciou-se em
diferentes "estilos", cada um marcado por suas visões próprias,
hábitos específicos e interações com a cultura local de cada região. Atualmente,
essas diferentes leituras acerca da capoeira estão manifestas através da
prática dos diferentes grupos e declaradas em duas principais vertentes: a Capoeira
de Angola, que possui como referência Mestre Pastinha, e a Capoeira Regional,
que tem como seu principal personagem Mestre Bimba.
A capoeira Angola, diferencia-se da luta regional baiana de Mestre Bimba por
possuir maior ênfase em características como o jogo, a brincadeira e a busca
pela ancestralidade, possuindo em regra movimentos mais lentos, rasteiros e
lúdicos. Na "roda de Angola" coexistem diferentes estéticas
relativas aos seus diversos grupos e a individualidade de cada "angoleiro",
onde o objetivo é a busca intensiva e recíproca pelo "axé",
dentro dos fundamentos da arte.
A capoeira Angola não tem uma data definida em que
teria sido criada, nem uma pessoa a quem possamos atribuir com certeza a sua criação.
Apesar disto, sempre que falamos de capoeira Angola temos o nome de Mestre
Pastinha (Vicente Ferreira
Pastinha, 1889 - 1981) associado a ela. Pastinha foi um grande
defensor da capoeira Angola, divulgando-a e introduzindo-a na sociedade de um
modo geral, fazendo, assim, com que a capoeira deixasse de ser vista tão
somente como uma luta marginalizada praticada por vândalos e arruaceiros, ao
mesmo tempo em que criava a primeira escola de capoeira angola criada no
Brasil.
Pastinha defendia arduamente a capoeira Angola, e
pretendia, assim, fazer com que esta mantivesse sua força, não perdendo suas
principais características. Para isto, divulgou a capoeira até onde pôde e como
pode: fez muitas viagens ao exterior, inclusive para África,
como principal representante da capoeira. Pastinha também formou muitos alunos,
garantindo, assim, o futuro da capoeira angola.
Atualmente, existem algumas associações que
representam exclusivamente a capoeira Angola e buscam, principalmente, resgatar
as antigas tradições da Angola, já que não só ela, mas a capoeira no geral
evoluiu e hoje em dia apresenta diferenças próprias da renovação das tradições. Graças ao esforço de muitos Mestres
e pessoas envolvidas com a capoeira.
A capoeira angola também tem orquestra, sendo
formada sempre por oito instrumentos posicionados normalmente no seguinte arranjo
da esquerda para direita: Atabaque, Pandeiro, Berimbau viola, Berimbau médio, Berimbau
gunga ou berra-boi, Pandeiro,
Reco-reco
e Agogô.