Apesar de registrada nos anais da cidade baiana de Santo Amaro, as circunstâncias da morte de Manoel Henrique Pereira, o Besouro Mangangá, ocorrida no dia 8 de julho de 1924, ainda permanecem um mistério. As lendas e as músicas a seu respeito, falam de assassinato por faca de ticum, a única madeira que seria capaz de afetar homens de corpo fechado como Besouro. Na vida real, contudo, há muita controvérsia e pouca certeza a respeito do fim do grande herói dos capoeiristas da Bahia.
Que ele morreu de faca, é quase certo. Há até testemunhas, ainda vivas, que lembram de ver Besouro sendo levado ao hospital, ensanguentado. Uma delas, inclusive, é ninguém menos que a mãe de Caetano Veloso, Dona Canô, que aos 102 anos de idade vive até hoje em Santo Amaro.
Há quem diga que Besouro morreu em confronto com a polícia. Porém, a versão mais aceita é a de que ele foi morto numa emboscada armada contra ele, com todas as características de vingança, perpetrada por um fazendeiro rico da região, conhecido por Dr. Zeca.
Consta que o filho do fazendeiro, conhecido como Memeu, tomou uma surrra de Besouro. Dr. Zeca, então, armou a seguinte cilada: pediu que um testa-de-ferro seu “contratasse” Besouro para entregar um bilhete numa fazenda nas imediações de Santo Amaro, e voltar à fazenda no dia seguinte, para saber a resposta. Besouro não desconfiou que o destinatário do bilhete era o seu próprio assassino e, analfabeto que era, foi incapaz de identificar que o conteúdo da mensagem que ele mesmo entregava era sua sentença de morte: e uma ordem para que o portador do bilhete fosse assassinado.
Assim, no dia seguinte, quando foi receber a “resposta”, Besouro teria sido cercado por mais de 40 soldados. Então, um homem conhecido por Esébio de Quibaca - o destinatário do bilhete - o esfaqueou até a morte.
Teria morrido assim, então, o rapaz forte, impetuoso e tão ágil que ganhou o apelido de Besouro porque “voava”, “mangangá” porque era rápido e perigoso como o peixe venenoso que leva esse nome, e “cordão de ouro” porque era tão bom na capoeira que sua graduação, seu “cordão”, não tinha cor nenhuma, como ocorre com os demais capoeiristas: era, simplesmente, “de ouro”.
Os atores Ailton Carmos, o Besouro, e Anderson Grillo, o Quero-Quero, numa cena de luta.
FOTO DO FILME “BESOURO”, DE João Daniel Tikhomiroff
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